Sim, é difícil ter essa perspectiva nos dias quentes que correm, mas lembremo-nos que a Europa, há exactamente 100 anos, andava a resolver conflitos ao tiro, com uma geração enfiada em trincheiras e a morrer numa orgia de violência inimaginável.
Hoje, estamos a resolver (ou a fingir que resolvemos) problemas em parlamentos, com eleições e referendos mais ou menos simples, e com os vários povos europeus reunidos um Parlamento Europeu, câmara onde ontem se discutiu acaloradamente a questão grega. Quem assistiu à discussão ficou com a estranha sensação de ouvir falar do nosso futuro comum de europeus.
Porque sublinho isto? Porque podemos, sem nos dar conta e em poucos dias, voltar atrás. E por isso é tão importante perceber como estamos muito longe e muito melhor do que essa Europa de há 100 anos.
Que se resolva tudo melhor ou pior e que sejamos portugueses, gregos, alemães e também europeus: e que saibamos manter o aborrecimento banal das democracias, esquecendo para sempre a excitação da guerra e do tribalismo.
(O problema, claro, é que gostamos tanto de ser tribais…)