Pela Europa fora, há línguas que muitos falam, mas poucos conhecem.
O mapa político do continente engana-nos: viajamos convencidos de que, com uma ou outra excepção, cada país tem uma língua. Nada mais falso. A excepção é precisamente a contrária: só um país tem uma só língua (a Islândia). Em todos os outros países da Europa, há línguas minoritárias tão antigas e tão ricas como os idiomas estatais.
As línguas minoritárias — como todas — são verdadeiras arcas do tesouro de palavras, expressões e modos de ver o mundo. Poucos as conhecemos e raramente as reconhecemos quando as ouvimos. São tesouros escondidos em perigo de se perderem.
O teatro sempre registou a linguagem humana na sua variação social e geográfica. Muitas peças teatrais, ao longo da história, recolheram palavras e expressões que não se encontram facilmente noutros géneros. Esta capacidade que o teatro tem de salvar palavras vê-se em todas as línguas — e, no caso das línguas minoritárias, o teatro tem a capacidade de ajudar a salvar a própria língua.
O Teatro de Balugas organiza o Festival LÍNGUA, uma homenagem a estas línguas maternas que tantos esquecem, mas pulsam nas casas, nas conversas e nos palcos por essa Europa fora — representadas este ano pelo mirandês, pelo estremenho e pelo sassareso. Teremos oportunidade de ouvir estas línguas no palco, mas também de conversar com actores que as falam e especialistas que as estudam.
O festival inclui três peças, sessões de debate, formações e animação. Irei participar nas sessões que decorrerão na Biblioteca Municipal de Barcelos durante o dia 11 de Junho. A entrada para assistir aos debates é gratuita, mas é necessário fazer uma inscrição. O programa completo do festival está nesta página e a página de Facebook está por aqui.
As três peças do festival serão representadas no Theatro Gil Vicente:
- CUONTAS MIRANDESAS [Espetáculo em língua mirandesa] — 10 de Junho, 17h
- FOZZIA LÉSTHRA ZIA CICCITA [Espetáculo em língua sassarese] — 10 de Junho, 21h30
- BRUXAS [Espetáculo em língua estremenha] — 11 de Junho, 21h30
Este festival ajuda-nos a reencontrar idiomas antigos que sempre estiveram à nossa volta, mas que deixámos de conseguir ouvir. Convido-vos a participar neste reencontro com a LÍNGUA.
