Certas PalavrasPágina de Marco Neves sobre línguas e outras viagens

Cinco prazeres da cidade do Porto

Uma amiga minha pediu-me algumas sugestões sobre o Porto. Porquê eu, que não sou de lá? Porque por vezes tenho de lá passar uns dias. Chega para me armar em guia? Claro que não. Mas também não gosto de dizer que não aos amigos e, assim, tentei escrevinhar cinco prazeres da cidade, assim de repente — mesmo sabendo que, em viagem, o melhor plano é ir sem grandes planos.

Confesso: já há uns tempos que lá não vou. Serve assim este exercício também para matar um pouco das saudades que já tenho da cidade.

Ora bem, dito isto, aqui ficam cinco prazeres da cidade do Porto. Há muitos outros, claro está…

  1. Andar pela cidade. Ir à Rua de Santa Catarina, passar pelos Aliados, perdermo-nos pela cidade. Uma cidade como o Porto é para se descobrir à sorte, que é quase sempre a melhor maneira de viajar.
  2. A livraria Lello. Já começa a soar muito a cliché, eu sei, mas não é por muitos dizerem o mesmo que se torna mentira: é uma livraria linda. E até tem livros, vejam lá!
  3. Passear na Foz. O mar mais escuro e intenso do que outras cidades mais a sul. Muito, muito bom. A pé ou de bicicleta — ou até, não havendo alternativa, de carro. E então estar parado uns bons minutos a ver os navios, lá ao fundo.
  4. Fazer um cruzeiro no Douro. Turista que é turista tem de fazer este cruzeiro, não? Não faz mal, faz parte e ninguém se arrepende, que eu saiba.
  5. Passear na Ribeira. É preciso ter cuidado com as armadilhas de turistas. Mas tem de ser — e, depois, claro também isto tem de ser: ir até Gaia e olhar para o Porto ao anoitecer.

Tudo isto é giro, mas uma cidade descobre-se a sério doutra maneira: ter coisas para fazer, ir às compras, trabalhar — estar na cidade não para ver a cidade para viver na cidade. É assim que se descobrem os verdadeiros prazeres do Porto e de qualquer cidade. Sei disso tudo: mas esta foi só uma tentativa desesperada de encontrar sugestões para um fim-de-semana — dois dias que servem para pouco, é verdade, mas é o que temos.

Ajudem-me, leitores do Porto, por favor! O que sugerem para quem vai à cidade durante dois míseros dias?

RECEBA OS PRÓXIMOS ARTIGOS

Autor
Marco Neves

Professor na NOVA FCSH. Autor de livros sobre línguas e tradução. Fundador da Eurologos.

Comentar

9 comentários
  • Peço desculpa pela intromissão, mas para mim que sou do Alto-Douro, faltou a Ponte de D. Luiz e uma visita às caves do Vinho do Porto. Marco, peço novamente desculpa, mas não gostei muito da entrada do texto “Uma amiga minha…” Creio não ser necessário o possessivo no texto escrito, ainda mais na frase de abertura, embora todos o usemos na linguagem oral.

    Obrigado pelos seus textos.

    • Muito obrigado! Por isso mesmo pedi mais sugestões! 🙂 Quanto ao possessivo, a amiga podia ser da minha mulher (também é, por acaso), podia ser amiga dos meus pais, ou dum meu irmão — mas por acaso é minha. Daí não me parecer um possessivo desnecessário, até para marcar o estilo de conversa que tentei dar ao texto. Vejo o uso desse possessivo como paralelo a construções como “um irmão meu” ou “o meu pai”, “a minha mulher”, etc. Estarei a ver mal?

  • Subir a torre dos clérigos e apreciar a beleza da cidade vista de lá de cima é fantástico!!! Visitar o palácio de cristal e olhar o rio de lá de cima outra maravilha, a casa da música e o parque da cidade….. Oh! tanta coisa maravilhosa que está cidade tem.

  • Hola, Marco,
    Ai, O Porto! Há muito que também não vou lá.
    Lembro que cuando morava no Porto, adorava levar às visitas pelas ruazinhas desde a Sé até a Ribeira e apanhar o eléctrico na praça da bolsa até a Foz.
    E eu gostava dos passeios ao pé do mar até o Castelo do Queijo e depois curtir da cidade à noite na rua das galerias de Paris.
    De certeza que já mudou muito, mas como o Marco faço o exercício de deixar o comentário para matar saudades.
    Já contarás o que visitou a tua amiga e quais as suas dicas (recentes) da cidade, boa viagem!
    Lele

  • Descobrir o Porto pelo pitoresco do mercado do Bolhão, mesmo no centro da cidade; descer à Estação de S. Bento e observar a História nos azulejos; subir à Sé, descobrir o emaranhado antigo da cidade e, do outro lado o brilho sedutor do Douro e Gaia.
    Descer pelas ruelas mais típicas e antigas até ao Mercado Ferreira Borges e visitar o Palácio da Bolsa. Obrigatório, para além de tudo que já foi dito. Sou suspeita, o Porto tem uma identidade fascinante.

  • Exato, Paula Carvalhal: subir à Sé, usufruir da vista assombrosa sobre o Douro, Gaia… descobrir o emaranhado onde nasceu a cidade, descer pelas ruelas mais típicas até à Bolsa, depois descer à Ribeira, deveria ser percurso obrigatório mesmo!… (um grande sorriso) Depois, como disse a Lele, o passeio de elétrico até à Foz, é perfeito!….
    Claro que a subida até aos Clérigos e a visita à Lello serão também imprescindíveis, mas quero partilhar aqui um segredo que tão poucos conhecerão: ao sair da Lello vire à direita e suba até ao “Largo dos Leões”, a Praça Gomes Teixeira, aprecie a antiga Faculdade de Ciências, agora Reitoria da Universidade do Porto, e dirija-se à esquina com a Praça Carlos Alberto, em direção à Rua de Cedofeita (onde se situa a casa que foi de Carolina Michaëlis e do marido, e se reunia a nata dos escritores da época) . Nessa esquina está situada uma casa antiga, do tipo senhorial, no rés-do-chão fica a Livraria do Estado e, por cima, embora pareça abandonado o 1 andar… não está!! Abriga uma livraria que deveria ser também um ícone da cidade do Porto, a Unicepe, a histórica Cooperativa Livreira dos Estudantes do Porto… e mais não digo, dobre a esquina, suba as escadinhas… se quiser pode consultar aqui: http://www.porto24.pt/cultura/foi-ha-50-anos-que-uma-republica-de-estudantes-deu-origem-a-unicepe/ , https://www.publico.pt/local-porto/jornal/a-unicepe-e-uma-feira-do-livro-diaria-e-comunidade-de-afectos-ha-meio-seculo-17324045 , http://www.unicepe.pt/ .

  • O melhor do Porto são mesmo as ruas e o casario. A Ribeira, a Sé, os Aliados, enfim. A minha sugestão seria atravessar a Ponte D. Luís a pé e contemplar da outra margem, de Gaia, a Ribeira.

  • Tomar café no terraço do museu romántico (o único museo deste nome que vi na minha vida), com vista ao Douro, até à Foz – e visitar os jardíns de Serralves (mais um café, ou um chá com scones) no café do jardím, com a “glycine” em flor….

    (Desculpem os erros de português…)

Certas Palavras

Autor

Marco Neves

Blogs do Ano - Nomeado Política, Educação e Economia