O meu irmão Diogo andou a bater-me na cabeça para ler este livrinho: The Most Human Human, de Brian Christian. Porque tinha muito a ver comigo, falava de literatura e tradução e computação (sim, é possível juntar esses temas num só livro) e por outros motivos que já nem me lembro. Ainda resisti uns bons três minutos, mas lá fiz a encomenda. Recebi o pacote e abri com um sorriso parvo na cara, cheirando o livro como viciado que sou. E comecei a ler. O primeiro capítulo está a deixar-me em parafuso: o autor descreve como participou num Teste de Turing, em que seres humanos e computadores tentam convencer pessoas de que são humanos, conversando com elas à distância. Ora, Brian Christian participou como um dos humanos que tenta convencer outros seres humanos da sua própria humanidade — e se pensarem bem, é fascinante pensar no que deve dizer uma pessoa que está a competir com um computador para provar que é humano. Dizemos o quê? «Olha que eu sou de carne e osso!» O computador também sabe dizer isso: afinal, se um computador quiser mesmo passar por humano, mentir é essencial — e muito humano. Mas, enfim, isto já sou eu a delirar — porque ainda não li o livro e já tenho a mente a mil. O meu irmão tinha razão.