Fez esta semana um ano, falei deste problema: devemos ou não corrigir os erros de português dos outros em público?
Volto ao problema com dois exemplos concretos.
Ontem, vi um erro num jornal. Nem era um erro de português, mas sim um erro factual que só lá aparecia por óbvia distracção. Enviei mensagem privada e o jornalista agradeceu-me muito, tendo corrigido prontamente o erro.
Também ontem, recebi comentários simpáticos de dois leitores, que me avisavam dum erro que tinha dado num dos textos que publiquei nos últimos dias: tinha escrito «hiper-correcção» e não «hipercorrecção». Enfim, como um dos leitores me disse, a hifenização em português é um campo de minas…
A simpatia das mensagens aproximou-me desses leitores, com quem continuei a dialogar por e-mail.
Ora, a estratégia que muitos usam quando vêem erros alheios é outra: apontar para o erro publicamente, no Facebook (por exemplo), às vezes com algum comentário maldoso ou uma declaração bombástica contra todos os que dão erros, que são apelidados, por vezes de assassinos da língua ou coisas piores — os tais defensores da dita estarão certamente convencidos que os erros só aparecem nas mãos dos outros…
Essa estratégia de ataque afasta as pessoas, não evita erros futuros e deixa-nos a todos mais irritados. Não é bem melhor ter algum civismo nestas coisas da língua?
Por isso, acho que o melhor é mesmo corrigirmos as gralhas e os erros que vemos nos textos dos outros — mas em privado e com delicadeza. Até porque nunca sabemos quando nos calha a nós.
“…Não é bem melhor ter algum civismo nestas coisas da língua?…”
Seria bem melhor ter algum civismo nestas coisas da vida….
Sem dúvida!
Olá, Marcos.
São chatos os “arautos” da norma culta. Evidente que é admirável quando nos deparamos com um texto coerente e REVISADO. Contudo, distrações acontecem, além de não significar que um texto sem incoerências seja um texto legal de se ler. Há muita patrulha nas redes sociais, e o mais admirável: muitos dos que criticam não são capazes de evitar incoerências semelhantes ou piores, além de ser à rede social um campo livre da linguística. Moro no Rio de Janeiro, e há muitos desses defensores das normas e bons costumes da norma oficial. É preciso ter calma, pois o vaso é de barro.
Um abraço.