«O que é, então, um erro de português?
Pensemos num ginasta: o que é um erro de ginástica? É não conseguir fazer com o corpo aquilo que se quer. Ora, com a língua, passa-se o mesmo: um erro da língua acontece quando fazemos aquilo que não queremos — transmitimos os sinais errados («este não sabe que “hádes” é erro?»), ou não nos explicamos bem, ou dizemos o contrário do que queríamos. É uma definição incompleta — uma tentativa, se quiserem. Mas aqui fica.
Há também erros de civismo: as tais intolerâncias desnecessárias ou as regras inventadas sem razão. São outro tipo de erro e podemos muito bem incluir no conjunto de erros de português.
Queria ainda chamar a atenção do leitor para aquilo que podemos chamar erros estilísticos — são mais vagos, mais difíceis de corrigir e, talvez por isso, poucos falem deles. No entanto, as consequências costumam ser bem mais graves do que uma gralha aqui e ali. Exemplos? Um e-mail das finanças escrito numa sintaxe impecável, mas que é extraordinariamente opaco para quem o vai ler; um texto académico que é obscuro apenas por preguiça de explicar melhor (ou porque se quer impressionar mais do que explicar); um texto com ambiguidades desnecessárias; uma mensagem de e-mail que parece demasiado seca — e por aí fora.
Como disse, escrever bem ou falar bem é fazer aquilo que se quer com a língua. […] Ninguém disse que era simples.»
Excerto do livro Doze Segredos da Língua Portuguesa.
Estava na Bélgica (Bruxelas)onde me desloco frequentemente,ficando por largas temporadas,
Contava ter assistido à apresentação do seu livro, mas tal não me foi possivel.
Comprei-o hoje na Almedina.Irei lê-lo este fim de semana.
Numa próxima oportunidade pedirei que mo autografe.