Julgo que já aqui falei da forma como os livros nos transportam no tempo, para quando os lemos pela primeira vez, ou quando os comprámos, folheámos ou passámos a vista por cima. Pois este livro transporta-me para uns bons 30 anos atrás…
Esta é uma edição d’Os Lusíadas que a minha mãe tem em casa desde de que nasci. Uma edição do Círculo de Leitores, de 1972, com introdução de Hernâni Cidade.
Esta é a minha edição d’Os Lusíadas. Cresci com ela. Folheei o livro, tentei ler (cedo de mais), e cedo me deu a vontade de escrever armado em Luís Vaz.
Aqui está a prova do crime (ao meu filho, felizmente, ainda não lhe deu para isto):
Isto quando tinha uns 4 ou 5 anos. Tenho memórias muito antigas, de estar a escrevinhar no livro, com os móveis da casa dos meus pais dessa altura à minha volta, talvez de língua entre os lábios, embrenhado nesta minha obra.
Anos depois, comecei a procurar o famoso Canto IX. As figuras eram lindas:
Já agora, fiquem com estes dois pormenores. O texto da Inquisição…
… e as duas primeiras estrofes, que aparecem limpas, sem a parvoíce de algumas edições escolares, que colocam em itálico as palavras que contêm aquilo que as normas actuais considerariam erros.
Enfim, lembro-me também de perguntar à minha mãe o que era aquele livro e de ela me explicar que era um grande poema que contava os feitos dos Portugueses nos Descobrimentos e, pelo meio, a história do país desde a fundação…
Sobre isso, haveria de ouvir falar muito, claro, mas o encanto desta edição nunca desapareceu, mesmo nos momentos mais sombrios de esquemas e planos da viagem e da história e não sei que mais. Para mim, era uma história, acima de tudo, de aventuras e de barcos que se faziam à água à procura de mostrengos que estão no fim do mar (sim, eu sei, isso já são outras mensagens).
3 comentários
Por curiosidade apenas, um tio meu, por volta dos anos 20 (do século passado, claro), acrescentou uma última estrofe no exemplar da minha mãe, o que nos deixou a todos os que leram e estudaram por esse mesmo exemplar de “Os Lusíadas” bem divertidos com a sua ousadia.
Isabel Belo
O que disseste foi muito pouco.
Não poderias mostrar-nos a estrfe acrescentada pelo teu tio?
Que bela curiosidade é o texto da Inquisição. Muito interessante de se ler!