Não sei muito bem quem teve a ideia de chamar a este 5 de Maio o Dia da Língua Portuguesa. Mas não faz mal. Pode ser hoje e se, entretanto, decidirmos que há mais datas que merecem o título, que fiquem essas também. Não vem mal ao mundo.
Ora, este dia, para ter algum significado, não pode ser o dia duma entidade abstracta que defendemos como um cavaleiro andante defende uma donzela distante.
Tem de ser o dia:
- dos professores de português, que todos os dias lutam para que os alunos mexam na língua o melhor possível, sem medo e com gosto (e também com esforço, porque escrever não é fácil);
- dos escritores, que pegam na língua e criam qualquer coisa que nos surpreende;
- dos tradutores, que trazem tantos textos até à nossa língua;
- dos revisores, que limpam os textos que escrevemos;
- dos linguistas, que transformam a curiosidade em estudo sério;
- de todos os falantes que chamam português à sua língua, sem excepção. Afinal, com mais ou menos tropeções, todos nós usamos a língua e, no fundo, somos a língua portuguesa. A língua não é mais do que as pessoas concretas que a falam e escrevem — e, também, a memória de todos os que a falaram e escreveram ao longo dos séculos.
A todos, um feliz Dia da Língua Portuguesa.