Andou por aí a rodar uma notícia sobre sites pedófilos que vão buscar fotografias às redes sociais onde muitos de nós colocam fotos dos filhos.
Nada melhor para espicaçar o paniqueiro que há em nós do que juntar o nosso naturalíssimo medo do mal que pode acontecer aos filhos com a nossa habitual desconfiança da tecnologia.
Muitos portugueses partilharam a notícia. Muitos comentários davam a entender que os pais que partilham fotos de filhos no Facebook são irresponsáveis, no mínimo, e criminosos, no máximo.
Ora, confesso que ponho algumas fotos do meu filho no Facebook. No entanto — e isto é importante —, essas fotos ficam visíveis apenas para quem eu deixo.
Tenho três grupos de “amigos” facebookianos: os próximos (a família e os amigos sem aspas), os amigos em geral (pessoas conhecidas, no fundo) e ainda as pessoas que conheço apenas na internet, por via dos blogues e outros poisos online.
As fotos do meu filho ficam-se pelo primeiro grupo, embora, uma vez por outra, coloque uma foto acessível ao segundo grupo (mas nunca ao terceiro). Também nunca coloco fotos acessíveis ao público em geral, tal como não as publico em blogues, no Instagram ou noutros locais on-line.
Claro que o pânico não conhece barreiras e dizem-me logo: e será que podes confiar mesmo nessas pessoas? Será que não pode haver problemas, mesmo partilhando só entre amigos?
Ora, por essa ordem de ideias, convém proibir fotos nas festas de anos, na escola, etc. Nunca se sabe o que pode acontecer. Se calhar até convém proibir os filhos de andar rua… O melhor mesmo é proibir as fotografias de crianças.
Sejamos razoáveis: temos de estar informados e ser cautelosos, mas não podemos viver em pânico constante das mais horripilantes possibilidades.
Mal ou bem, a nossa vida social inclui, agora, o Facebook. Partilhar fotos dos filhos entre amigos é um prazer (pelo menos para quem partilha; admito que bastante menos para quem tem de levar com tanto puto no seu feed — mas esse é outro problema).