Certas PalavrasPágina de Marco Neves sobre línguas e outras viagens

A língua dos tetravós (por Fernando Venâncio)

Segure-se bem. Vamos falar de coisas que mexem cá fundo com um indivíduo. Sobretudo se for português… Bom, está firme? Aqui vai então.

Ao longo dos cem anos do século XVI, o português absorveu 246 (duzentos e quarenta e seis) adjectivos de fabrico castelhano. Esses, os que identifiquei até hoje. Terão sido mais.

Repare-se: falamos só de adjectivos, deixando de fora os verbos e os substantivos também adquiridos do castelhano, e que não foram poucos. Deixaram-se de fora, igualmente, os abundantes adjectivos que o castelhano havia tomado do latim, e que nesse século XVI fizemos nossos também, depois de os havermos lido e relido em textos castelhanos.

Lido… ou ouvido. No século de Quinhentos, eram numerosas as peças de teatro espanholas que percorriam as nossas cidades, numerosos os pregadores espanhóis que ecoavam nas nossas igrejas, numerosos os cânticos e cantigas em espanhol que enchiam capelas e ruas.

Foi isso: sem a maioria dos falantes se aperceber, o português ia-se modernizando em castelhano. Pode parecer-nos hoje incrível, mas cerca de 95% do vocabulário ‘culto’ documentado em português nos séculos XVI e XVII foi por nós absorvido do idioma vizinho.

Agiram eles bem, os nossos tetravós? Sim e não. A língua de Castela gozava, ao tempo, de enorme difusão na Europa, e toda a convergência com ela fornecia ao português virtualidades inegáveis. Para mais, o castelhano era, nessa época, um idioma particularmente desenvolvido, maleável, coerente. Numa palavra, ‘moderno’. Mas o preço pago foi alto. Tanta riqueza ali ao virar da esquina dispensou o português de investir a fundo em si próprio, explorando ao máximo o léxico autóctone para as novas necessidades da expressão.

Dentre esses 246 adjectivos castelhanos que, só nesse século de Quinhentos, o Português fez seus, destaquemos alguns, por ordem de entrada: maciço, comedido, malogrado, moreno, varonil, desditoso, bonito, mulato, airoso, desgrenhado, pontiagudo, boçal, lastimoso, matreiro, bisonho, nublado, incansável, pressuroso, bravio, atilado, teimoso, apaziguado, comilão, madrugador, caudaloso, trapaceiro, desabrido, pujante, cabisbaixo, boquiaberto, sangrento, descarado.  

Os casos de pontiagudo, cabisbaixo e boquiaberto são particularmente curiosos. São três formações únicas, três achados irrepetíveis, que, uma vez cunhados, só já podem ser copiados.

E assim foi, efectivamente. Em 1504, certa obra castelhana sobre agricultura, fala dum archote “bien pontiagudo”. Em português, o termo vai aparecer numa crónica de 1535, onde são referidas “pedras ponteagudas”, será dicionarizado como pontiagudo, em 1562, por Jerónimo Cardoso, e voltará a ser testemunhado no ano de 1600, num livro do jesuíta João de Lucena. Dos autores portugueses, sabemos que tiveram trato assíduo com o castelhano.

Eis, de facto, as três principais circunstâncias que denunciam um castelhanismo: 1. a palavra já circula largamente em Castela, 2. a forma deriva doutras formações castelhanas, ou é complexa, e 3. surge entre nós em ambiente castelhanizante.

Passemos ao caso de cabisbaixo. A primeira ocorrência de cabizbajo conhece-se de 1513, numa carta do religioso Antonio de Guevara. Demorará a entrar no português, onde cabisbaixo é documentado em 1589, numa obra de Amador Arrais. Quanto a boquiabierto, ele surge na Segunda Celestina, de 1522, e a espera foi semelhante: boquiaberto aparace em 1594.

Outros três adjectivos merecem comentário. São eles bonito, varonil e bisonho.

Podemos perguntar-nos: como se exprimia até 1500 um português que achasse certa coisa, ou alguém,  ‘agradável à vista’? Pois escolhia entre formoso (ou fermoso) e belo. Mas agora o castelhano inventara bonito, e ele acabou por tornar-se, também entre nós, o mais corrente. A história de varonil vai mais atrás. O galego e o português medievais tinham a forma baroíl, provavelmente uma adaptação patrimonial do castelhano varonil ou baronil. Esse baroíl vai conservar-se até pelo menos 1600, mas Gil Vicente, numa peça de 1521, tinha-o reconduzido a baronil, que depois se fixou em varonil. Já bisoño, documentado desde 1517, foi importado de Itália por militares espanhóis. Designava um soldado inexperiente, que repetia às chefias Io bisogno (“Eu necessito”) isto ou aquilo. Em espanhol, e depois em português, significava indivíduo ‘principiante, caloiro’, mas passou, no nosso idioma, a sinónimo de ‘tímido, assustadiço’.

Uma nota à margem. Com tão volumosas importações, o português acabou por conservar formas que o espanhol, mais tarde, deixou arcaizar, e finalmente abandonou. Entre elas estão: afrontoso, ajaezado, assisado, cediço, caridoso, desgostoso, figadal, galhofeiro, lastimável, sequioso.

Todas estas realidades são-nos praticamente desconhecidas. As nossas Histórias da Língua evitam estes temas incómodos. A imagem dum Português tão dependente da língua de Castela desagrada-nos, revolta-nos, obriga-nos a esquecer essa página do nosso percurso. Preferimos um idioma à imagem que fazemos de nós mesmos: altivo, independente, dominador. E esse idioma existe, realmente. O problema é que, ao recalcarmos aquele tão relevante lado da nossa história linguística, privamo-nos de descobrir o seu contrário: o que o Português tem de próprio, de exclusivo, de irredutivelmente seu.

Mértola, 25 de Junho de 2017

Fernando Venâncio (Mértola, 1944). Licenciou-se em Linguística Geral na Universidade de Amesterdão, onde também se doutorou. Foi docente de Língua e Cultura Portuguesa em várias universidades holandesas. É investigador sénior em História do Léxico Português. É ainda tradutor e escritor, com longa presença na imprensa escrita portuguesa.

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36 comentários
    • Essa é uma questão tão fascinante quanto possivelmente insolúvel: nunca saberemos que palavras portuguesas foram IMPEDIDAS de surgir pela adopção das formas castelhanas. Provavelmente só pelo estudo do Galego chegaremos a ter alguma percepção nessa matéria.

      • Um exemplo posso dar-lhe, sim. É a palavra CASTIÇO (se possível o melhor dos exemplos de castelhanismo, e que só por distracção não incluí na lista do artigo…), que em galego se diz ENXEBRE, do latim ‘insipidu’. Não consigo saber de quando data, mas deve ser vocábulo antiquíssimo. Infelizmente, se existe palavra que um português supõe o sumo da própria genuinidade, é “castiço”.

        • O melhor exemplo de “castelhanismo”, é precisamente isse: castelhanismo e castelhano.
          Moitos reintegracionistas (como o senhor terá comprobado) usam istas formas alheias; disque porque aumenta a riqueza e diferenciaçom lexical, porque ūa cousa é a língua e outra o senhor dum castelo, porque é a forma maioritária no galego popular… Eu já lhes tenho dito que ūu dos poucos éxitos do isolacionismo foi revitalizalo uso da palavra ” castelán” e que o reintegracionismo deveria aproveitar isso pra promocionalas verdadeiras formas no galego (reintegracionista): castelão e castelanismo (ista última coincidente coa forma do isolacionismo).

          Nota: Os defuntos falaban castelao (Á lus do candil, Ánxel Fole)

          E, com respeito a ūa possível confusom, nom á probrema; já que na Galiza o senhor dum castelo se chama “casteleiro”. É irônico que ūus indivíduos que criticam a cantidade de castelanismos desnecessários presentes na norma da RAG, usem justo os mais desnecessários e descarados de todos.
          O pior é que, ainda que iles nom o digam, realmente utilizam issas formas em vez das nossas apenas por um motivo: por serem usadas de forma maioritária em Portugal e no Brasil. Iles parecem nom entender de razões, apenas do que faça o seu amo português.
          Os da RAG seguindo as ordens do amo castelão, e istes caras seguindo as ordens do amo português. Já nom sei que opçom é preferível, apenas sei com certeza que as duas som igual de más (pro galego).

          • Tem você inteira razão. É esforço baldado procurar coerência em muitas das posições “lusistas”.

            Tudo indica que, na ortodoxia galega lusista (não confundi-la com a reintegracionista), o idioma é simples pretexto para um activismo linguisticamente vazio.

          • O uso de determinadas formas lexicais é muitas vezes uma escolha pessoal que pode ser modulada conforme o público receptor. Para mim som dous casos diferentes castiço/enxebre e castelanismo/castelhanismo. O primeiro substitui e faz esquecer uma palavra patrimonial enquanto o segundo pode ser considerado como a introduçom duma diferença lexica. Eu nunca usaria “castiço” na minha escrita mas nom tenho muito problema em usar ‘castelhanismo”. Aliás, eu nom criaria uma dicotomia lusistas(maus)/reintegracionistas(bons) porque na realidade existem centros de posições mais ou menos intermédias.

  • As línguas “alimentam-se” de outras línguas. Tal não só não constitui um problema como é um fenómeno natural. Por exemplo, a riqueza lexical da língua inglesa radica no facto de que não existirem pruridos na importação de palavras de outras línguas; de facto, «English is also very ready to accommodate foreign words, and as it has become an international language, it has absorbed vocabulary from a large number of other sources» (cf. https://en.oxforddictionaries.com/explore/does-english-have-most-words).
    Por outro lado, se no «século XVI, o português absorveu 246 (duzentos e quarenta e seis) adjectivos de fabrico castelhano», só Camões, nesse mesmo século, acrescentou ao português um número de palavras não menos espe(c)tacular (é uma chatice haver presentemente duas ortografias do português…); só as começadas por a: acumular, adamantino, adjacente, admitido, adornar, adulação, adultério, adúltero, aério, agreste, alabastro, altíssono, alumno ou aluno, ambição, ambicioso, ameno, antártico, antídoto, aplauso, apto, aquático, aquoso, ara, archétipo, (arquétipo), árduo, arguto, árido, arrogante, artífice, artefício, artificioso, astrolábio, astúcia, astuto, astutamente, atónito, atroz, audaz, aura, áureo, aurífero, auspício, austero, austral, etc. (Paul Teyssier, «História da Língua Portuguesa»)

    • Caro Raul Henriques,

      É uma pena que gente competente (Teyssier foi um grande historiador do idioma) não tenha mais cuidado em afirmações fora do seu terreno. Dos 44 vocábulos cuja estreia em Português é acima atribuída a Camões, só 12 foram efectivamente estreados por ele.

      acumular (1426)
      adamantino (António Ferreira)
      adjacente (João de Barros)
      admitido (J Ferreira de Vasconcelos)
      adornar (séc. CV)
      adulação (séc. XIV)
      adultério (séc. XIII)
      adúltero (séc. XIII)
      aéreo: SIM
      agreste (João de Barros)
      alabastro (séc. XIV)
      altíssono: SIM
      alumno ou aluno: SIM
      ambição (séc. XIII)
      ambicioso (1504)
      ameno: SIM
      antártico (1494)
      antídoto (João de Barros)
      aplauso: SIM
      apto (1353)
      aquático (João de Barros)
      aquoso: SIM
      ara (séc. XIII)
      archétipo (arquétipo)
      árduo (1537)
      arguto (séc. SIV)
      árido: SIM
      arrogante (Jerónimo Cardoso)
      artífice: SIM
      artifício (q11344)
      artificioso (séc. XIII)
      astrolábio (1508)
      astúcia (séc. XV)
      astuto (séc. XV)
      astutamente
      atónito (1538)
      atroz (1426)
      audaz (séc. XV)
      aura: SIM
      áureo: SIM
      aurífero: SIM
      auspício (1550)
      austero: SIM
      austral (séc. XIV)

      • Corrijo na lista algumas desatenções:

        archétipo / arquétipo (1537)
        árduo (séc. XV)
        arguto (séc. XIV)
        artifício (1344)

    • E há outra coisa: desses 12 vocábulos, já 7 deles eram latinismos correntes (e até antigos) em castelhano. E portanto bem conhecidos do utente português, Camões incluído…

      ameno: SIM E 1250
      aplauso: SIM E 1428
      aquoso: SIM E 1493
      árido: SIM E 1385
      artífice: SIM E 1459
      aura: SIM E 1250
      austero: SIM E 1493

  • Gostei de conhecer certas fontes onde a nossa língua bebeu… E não admira, um dia fomos todos ibéricos….

  • Excelente artigo de Fernando Venâncio que não belisca em nada a minha oposição total e irredutível contra o Acordo Gráfico, dito de Ortográfico, de 1990.

    Vem na linha do respeito pela Língua Portuguesa oral ou imaterial em geral e como não podia deixar de ser, com especial incidência na escrita, através da qual se torna material, constitutiva de um Património cultural de excelência.

    Já que se fala nas origens linguísticas do idioma português vindas da Galiza e do castelhano, talvez não fosse desinteressante de todo falar também na língua que se falava antes do latim: a língua lusitana, quase totalmente perdida, mas que foi o preço a pagar pelo recebimento da Civilização e cultura romanas.

  • Sempre um valor acrescentado para o nosso património pessoal,ler o que nos dá o seu conhecimento.
    Tive no secundário um professor de Português e de Francês (Emilio de Meneses) um mestre natural de Goa,mas licenciado em Lisboa,que tinha uma mesma preocupação de nos dar a conhecer essas pequenas joias da nossa língua,tal como o Marco Neves ora nos faz.
    Recordo,consequentemente,muitos termos,nesse tempo me foram transmitidos pelo meu saudoso mestre,E já lá vão uns mais que setenta anos. Muito feliz fico agora aos percorridos 85 de vida.Muito obrigado Marco Neves

  • Marco Bemposta, meu entendimento é que o idioma português não teve origem nem no galego ou no castelhano. Porque tanto o galego como o português se originaram do galaico-português que por sua vez originara-se do latim. O português adquiriu ao castelhano um significativo número de vocábulos e como aponta o artigo sob comento, nada menos de 246 adjetivos. Mas isso não faz o português originário de Castela.

    • Muito bem caro Francisco Pessoa, estou de acordo. A via linguística portuguesa é a galaico-portuguesa, mas convém não se confundir o seguinte: a chamada língua “galega” de hoje não é castelhano, nem é português (será galaico-português? Penso que não..) é uma mistura dos dois idiomas, mas que se relaciona bastante com o português; aliás, toda a cultura galega é portuguesa, sem tirar nem pôr. Os galegos são intrinsecamente portugueses e externamente “espanhóis” no que diz respeito à entidade política e administrativa que os governa.

      • Nossoutros, por moitas caraterísticas comuns que possamos ter, nom somos portugueses. Nom vos confundades.
        As falas da Galiza, Portugal, Brasil, Angola, Moçambique… som todas a mesma língua. Têm as suas diferenças, mais continuam sendo a mesma língua.
        U vês que as falas da Galiza sejam um íbrido antre o castelão e o “português”? O mesmo se poderia dizer do ” brasileiro” ou do lisboeta, né?
        O galaico-português tampouco é outro idioma, é galego medieval. Nom á moitas diferenças e, polo tanto, aquila fala era a mesma língua cás falas atuais da Galiza e da CPLP.

        • Anônimo Galego.
          As falas galegas eram no século XVIII-XIX ainda coincidentes com as falas dialectais do norte de Portugal. Hoje em dia o que chamamos “galego” é com certeza um híbrido.

          • E a que chamamos “galego”? Existe castelão, castrapo, gastrapo, galego…
            As falas genuínas do sul da Galiza inda som bastante coincidentes coas do norte de Portugal.
            Ademais, as falas galegas nom som uniformes; variam segundo o território, e dependendo da pessoa.

  • Desde a minha ignorância fico realmente chocado por palavras muito portuguesas como teimoso, trapaceiro serem de origem castelhana. Não consigo adivinhar a palavra originária do castelhano. Quando consulto dicionários de português tenho notado que há inúmeras palavras cuja origem se atribui ao castelhano. Será mesmo assim? Eu continuo com as minhas dúvidas. Não terá a etimologia algo filologia-fição?

    • Eu compreendo que, para um galego, seja quase intragável a tamanha quantidade de palavras que fomos buscar ao castelhano. Mas é a simples verdade histórica.

      Sirva-lhe de consolo saber que também para a generalidade dos historiadores da Língua Portuguesa essa estrutural dependência é tema tabu.

      Espero não estragar o seu dia, Anxo, remetendo-o para esta ligação.

      http://www.pglingua.org/opiniom/artigos-por-data/6091-o-portugues-diverte-se-em-espanhol

        • Apesar de termos muitos e muitos galicismos, adoptados sobretudo entre 1750 e 1950, ouso supor que o número de castelhanismos os supera em muito.

          E há outra coisa: enquanto os galicismos nos são na grande maioria reconhecíveis, os castelhanismos são-no muito menos. Não só porque já durante séculos nos habituámos a eles, não só porque a ‘forma’ de muitos deles (como “cordilheira” ou”rincão”) é portuguesíssima, mas mais que tudo porque o próprio Espanhol nos é grandemente desconhecido.

          • O galego oficial, mália ter bastantes castelanismos desnessários coma “bolígrafo” (em vez de “caneta”), exclui moitos castelanismos desnessários. Antes apontache o caso de ” castiço” e eu apontei o de “castelhano”. Agora pugeche o exemplo de ” rincom”. Na Galiza dizemos recanto, recuncho, curruncho…

          • Caro Fernando,

            O conjuntivo está mesmo a morrer entre nós, como no passo em que escreveu “ouso supor que o número de castelhanismo os supera”?

      • O castelão, pros galegos, é ūa arma de doble filo; como diriam os próprios castelãos. Atualmente, nom á nengum galego que nom domine corretamente o castelão. Isto pode provocala entrada das suas expressões e léxico, ò desconhecela sua equivalência no galego. Peró, ò mesmo tempo, permite ūa mor noçom do que é castelão. Isso si, os que quigerem usar um vocabulário mais “refinado” vam recorrer ò castelão. Caso contrário, seica o teu vocabulário deve ficar moi “simples” ou moi “pobre”. Pois, ainda assim, é incrível como isso pode abondar pra praticamente tôdalas situações que te atopas na vida.

  • Sempre apaixonante a língua, a história da língua, o uso da língua… mas temos que enveredar pelo rigor científico e não alimentar polémicas injustificadas, por muito que custe ao orgulho nacional! Também desconhecia que tanto vocabulário culto entrou pela língua castelhana que, aliás, tanto aprecio com as outras línguas peninsulares. Obrigada ao autor por esta interessante “mise au point”.

  • Esta matéria é extremamente interessante. E ganha mais interesse ainda se nos recordarmos dos principais argumentos utilizados por quem defende que o português e o galego (chamemos-lhes assim) não sejam a mesma língua. Dizem que o galego está demasiado castelhanizado, e que por isso “deixou” de ser português. Apercebemo-nos agora de que, noutros tempos, foi a variante portuguesa que se castelhanizou, sobretudo entre as elites que tinham contacto com essa língua “mais culta”. Porventura, eram os galegos, nessa altura, que mantinham uma abordagem mais conservadora da nossa língua comum. Efetivamente, desde os latinos e até hoje, mais do que línguas separadas, as línguas latinas (e provavelmente todas as línguas europeias) enriqueceram-se umas às outras, venderam e compraram, exportaram e importaram, emprestaram palavras umas às outras. As línguas são corpos extremamente permeáveis. Parabéns pelo artigo.

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