As redundâncias são essenciais a qualquer língua: são uma forma de proteger a informação que queremos transmitir mesmo quando não temos condições óptimas de som (é uma explicação rápida, mas voltarei ao assunto).
Mas, claro, não interessa explicar isto, porque muitas pessoas puseram na cabeça que as redundâncias são más, ponto final.
Tanto é assim que se apressam a inventar erros falsos e encontram redundâncias mesmo quando não as há.
Ainda há pouco vi no Observatório da Asneira alguém a queixar-se porque um jornalista tinha dito a expressão «O jogo tinha acabado de terminar…».
Ora, aqui não estamos perante uma redundância. Dizer «o jogo tinha terminado» ou «o jogo tinha acabado de terminar» é diferente. O verbo «acabar» e o verbo «terminar» têm dois significados distintos, nesta expressão, e não são redundantes.
Mas, lá está, a fúria de achar erros nos outros é tanta que nem se pensa um segundo.
Ah, e sabem qual foi a reacção quando disse que a frase estava correcta? Alguém me reenviou para o verbete da palavra «redundância», como se o problema fosse eu não saber o que isso quer dizer.
Enfim. É o que vos digo.
O “Vamo[s] entrar pra dentro!” da minha avó materna, do interior de São Paulo, sempre será mais acolhedor e simpático que um gélido “Vamos entrar!” ou “Entra!” prescritivista.
Nunca as mãos lhe doam, caro Marco. Mas vai ser um combate longo (e, digo-lhe em segredo, para a vida toda…).
Obrigado, Fernando! Sim, parece-me que não terá fim…