Imaginem que esticam o braço e tentam tapar a lua com uma moeda.
De que moeda precisaríamos para tapar todo o círculo da lua?
Uma moeda de 2 euros? De 1 euro?
Ao contrário do que pensamos, uma moeda de 1 cêntimo chega — e sobra!
Experimentem: peguem em moedas e corram para a rua. (Convém ser de noite…)
Como poderão verificar, o nosso cérebro está convencido de que a lua é muito maior do que é. E, coitado, não consegue convencer-se do contrário, mesmo depois de, racionalmente, compreendermos a ilusão.
Outra ilusão relacionada com esta é a sensação universal de que a lua é muito maior quando está perto do horizonte ou de alguma estrutura terrestre. Há dias em que nos parece imensa e alaranjada, mesmo encostada ao horizonte.
Ora, mesmo nesses momentos, se fizermos a experiência da moeda, veremos que o tamanho continua a ser o mesmo: minúsculo.
Se desconfiarmos das moedas, podemos usar uma régua: o resultado será o mesmo.
Se tirarmos uma fotografia à lua, a ilusão desfaz-se.
Reparem na fotografia abaixo. Quando olhei para a lua antes de a fotografar, parecia-me que mal caberia no espaço entre os dois pilares da ponte. Na realidade, na foto, aparece-me como um círculo minúsculo.
Esta é uma ilusão antiga, documentada ao longo dos séculos e que ainda hoje não está suficientemente explicada.
O nosso cérebro está cheio destes pequenos defeitos, alguns deles pouco compreendidos. Há quem lhes chame erros, outros preferem a palavra vieses ou tendências (em inglês, “biases”).
Vem isto a propósito do quê? Bem, não tem de vir a propósito de nada, mas, por acaso, esta pequena experiência da moeda e da lua lembra-nos que o cérebro nos prega partidas, neste e em muitos outros casos.
Quanto mais soubermos compensar e analisar as nossas ideias conhecendo estes enviesamentos, melhor. A ciência faz-se da descoberta destes enganos do nosso cérebro, de forma a ultrapassá-los o melhor possível.
No caso da lua, não há consequências nefastas do engano. Mas, se pensarmos bem, vemos que a crença na astrologia tem por base tendências similares do nosso cérebro, tendências essas que foram sendo descobertas ao longo dos séculos (sem deixarem de nos afectar o julgamento; e que ninguém julgue que está livre destes enviesamentos!). Muitas haverá que ainda ninguém descobriu.
Investiguem, se assim o entenderem, o que são o “viés da confirmação” e o “efeito Forer”. Terão aí uma grande parte da explicação para a sensação (falsa) de que a astrologia funciona.
Enfim, mesmo que fiquem chocados com este ataque pouco subtil à astrologia, podem sempre divertir-se um pouco a mostrar aos amigos como andamos todos enganados sobre o tamanho da lua.
Vá, peguem numa moeda e toca de ir para a rua medir a lua.
Entretanto, fiquem com um vídeo sobre o assunto. (Quem me descreveu a ilusão pela primeira vez foi Jorge Buescu, no seu livro O Mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias.)
O nosso cérebro está convencido que, ou convencido de que?
Agradeço a correcção. Até breve!