Há muito pânico linguístico por aí. Basta ver os absurdos comentários deste artigo do Observador, em que a linguagem dos jovens é apelidada de “triunfo da mediocridade” ou se diz algo tão errado como “só os socialmente ineptos e minorias estrangeiras (…) é que recorrem a esse palavreado”. (Estamos a falar do “bué” e cenas dessas, entenda-se.)
Usar a língua de forma criativa em situações diferentes é tudo menos mediocridade: conheço tanta, mas tanta gente que diz “bué” ao pé dos amigos e fala de forma impecável em público ou em situações profissionais.
Quem é terminantemente contra a inovação linguística é que, de facto, defende uma língua amputada, em que só podemos usar um registo e falar de forma sempre igual, em todas as situações. É um pouco como defender o uso de fraque quando estamos de férias.
E, veja-se lá bem o desplante, este tipo de inovações linguísticas dos jovens não são de agora: muitas palavras usadas pelos grandes escritores quando eram jovens seriam, certamente, consideradas pelos seus pais como erradas e prova de degeneração.
Os paniqueiros da língua acabam por ser aqueles que mostram uma certa falta de conhecimento do que é a linguagem humana. É a vida. Sempre bué de irónica.
Ya
Nope.