Certas PalavrasPágina de Marco Neves sobre línguas e outras viagens

Os jovens lêem cada vez menos?

read-book-795943_1280

Pensem no país de há 50 anos. Estávamos em 1966, o 25 de Abril ainda não estava no horizonte.

Pensem mesmo a sério no país dessa altura. Um país em plena guerra, um país que ainda não tinha tombado para as cidades, um país que estava a começar a aquecer em termos económicos mas que dificilmente conseguiríamos comparar com o Portugal de hoje em dia.

Agora, escolham 100 jovens de 20 anos aleatoriamente nesse país rural de 1964.

Agora imaginem o país de há 100 anos. Estávamos em 1916. A república tinha sido implantada havia seis anos. Falta a Primeira República quase toda, o Estado Novo… Estávamos na Primeira Guerra Mundial. O país de então é praticamente inimaginável para um português de hoje. Escolham, também aleatoriamente, 100 jovens de 20 anos desse país ruralíssimo de 1916 (um ano antes das aparições de Fátima). Pensem nas aldeias, no país de Norte a Sul. Vá, dá algum trabalho, mas imaginem.

Agora imaginem o país de hoje, no meio da crise e de tudo o que sabemos. Mas imaginem mesmo. E escolham (a fingir) 100 jovens aleatoriamente.

Destes três grupos aleatórios (insisto no aleatório e insisto que estamos a falar do país por inteiro, não as suas cidades ribeirinhas), em que grupo teremos mais pessoas a ler livros?

  1. Os 100 jovens de 1916?
  2. Os 100 jovens de 1966?
  3. Os 100 jovens de 2016?

Se quisermos pensar de forma mais precisa, podemos imaginar 2006, 1996, 1986, 1976, 1966… Terá havido recuos? Quando? Porquê?

RECEBA OS PRÓXIMOS ARTIGOS
Autor
Marco Neves

Professor na NOVA FCSH. Autor de livros sobre línguas e tradução. Fundador da Eurologos.

Comentar

1 comentário
  • Mesmo considerando os livros em formato digital, diria que são os 100 jovens de 1966 que lêem mais livros durante o corrente ano.

Certas Palavras

Arquivo

Blogs do Ano - Nomeado Política, Educação e Economia