Sim, é verdade: há quem ache que os riscos dos aviões no céu não são um fenómeno físico perfeitamente banal — mas sim uma conspiração internacional para amansar a população… É gente que chama a esses riscos brancos «chemtrails»: rastos químicos.
A minha pergunta é só: como é possível que estas pessoas, algumas delas muito inteligentes, se metam nestes delírios e fiquem lá enterradas como carro atolado em lama?
É assim: quando qualquer coisa é logicamente possível (embora para lá de improvável), haverá sempre alguém que acredita — imagino que uma das razões seja esta: o teórico da conspiração fica a sentir-se muito bem por ser um esperto num mundo de burros. Então não é bom não nos tomarem por parvos?
Há maneira de convencê-los do contrário? Será que levá-los a falar com pilotos e tripulação ou a inspeccionar os aviões ajuda? Não: todos os factos apontados são imediatamente arquivados na gaveta: «provas falsas criadas pela conspiração» (neste caso, «aviões que estão lá no aeroporto só para enganar os papalvos»). E nós, pobres coitados, somos logo apelidados de «mais um tanso que não vê o que é óbvio». Sim, para certas pessoas infectadas com certos vírus mentais, os factos só ajudam a enterrá-los mais na própria doença.
O melhor é deixá-los, olhar para nós próprios e tentar combater os erros em que cada um de nós cai. Porque ninguém está livre de acreditar em mentiras. E talvez fosse útil, por exemplo, verificar melhor aquilo que partilhamos no Facebook… É um pequeno passo, mas bem mais útil do que tentar convencer gente que não quer ser convencida e que vive num mundo lá deles, em que os governos preferem envenenar os cidadãos espalhando gases a quilómetros de altura em vez de, sei lá, usar os depósitos de água (ui, o que eu fui agora dizer…).
Mas não liguem a este texto: eu sou só um gajo que respirou demasiados rastos de avião.
(Ah, sim, também há teorias destas sobre a língua portuguesa… Então não há!)