
Estou a planear escrever um pequeno texto com mais expressões deliciosas, para continuar aquele artigo em que descrevi as delícias que uma alemã encontrou na nossa língua.
Pois, desta vez, pergunto directamente aos meus leitores: que expressões da nossa língua consideram deliciosas?
Entre todas as respostas, irei escolher aquelas que me deixarem mais água na boca…
Podem usar os comentários para responder. Desde já, o meu muito obrigado!
Talvez porque se aproxima o Natal e lembro com saudade as delícias dessa época, a expressão “Não é por aí que o gato vai às filhós” afigura-se-me como uma expressão bem deliciosa da nossa língua…
“Pescadinha de rabo na boca” parece-me ser uma excelente expressão…
Olá, caro Marco, boa noite! É deveras significativo que se refira a esse artigo que escreveu e que oportunamente partilhei. Sou muitíssimo suspeita pois sou uma apaixonada por provérbios e expressões idiomáticas nas quais a nossa bem amada língua é tão rica. Trago sempre mancheias de expressões debaixo da língua para todas as ocasiões, por isso é complicado escolher tal é o manancial! Deixo-lhe assim ficar a minha página onde escrevo pequenos contos e rimas imperfeitas a partir de provérbios e sabedoria poular: tem lá muito com que se entreter e será bem vindo! E se não for ser pedinchona, e aproveitando a boleia desta ferramenta de marketing directo, queira recomendar-me no seu sítio… Se achar que a prosa e a poesia algo destrambelhada assim o merecem, claro. Tenha o resto de uma excelente noite!
Margarida Batista
http://www.facebook.com/ProverbiosProvados
Seguindo o mesmo raciocínio da “história” com a alemã, eu conheço uma antiga cantilena para os pronomes pessoais; Eu génio
Tu barão
Ele fante
Nós moscada
Vós grossa
Eles bzzz
aqui tb não se descobriu palavra começada por “eles”. Haverá ?
António Fidalgo
Sugiro: Eles bão…
Ó Marco, eu digo quanto é franco: expressões deliciosas é o que não falta na nossa tão catita língua.
Não quero armar ao pingarelho, mas o facto é que tenho um ficheiro com muitas dezenas delas.
O carago é que, devido à minha incompetência informática — área para a qual não sou nada propênsico — aquilo está para ali tudo desintrambiquadrilhado.
E não estou a dizer isto de sofisma.
A verdade verdadinha é que desde mil novecentos e troca o passo que tenho completador (é assim que se diz?), e lido com ele à sobreposse, mas não há maneira de, como dizer? deixar de me sentir apoquentado enquanto estou a escrever, sempre a recear que depois quem me leia venha caçoar comigo por ser um cabeça de alho chocho.
Em suma: confesso que sou um marinheiro de água doce, um desazado, um troca-tintas que, como se vê, gosta é do treco-lareco, assim e assado — e que se lixe o resto, que não quero passar por lanfranhudo.
Parece-lhe que estão certas as minhas palavras? Que é azado este meu comentário? Ou acha que estou laró da cuca?
Dito isto, vou abalar. Ala que se faz tarde.
Cumprimenta o seu humilde admirador
Joaquim Jordão
Tes o trancaniño no cú
Bótao no lombo
Ven pra o meu colo
Eres un lambón
Arrecontrachégate pra alá
Cheira ao ghas
Vaite lavar porcona
Tás despeluxada
Esnafrouse!
Outra vaca no millo
No me señas forraghaitas
Eres un esfolamillos
Cala tí!, palaghoche
Seica toleaches?
Debullar debulleime
Dalle que non mira
Dalle que libras
Dalle lume pra adiante
Vai de vagar
A modo, a modiño
Sentidiño eh!, sentidiño
Fixéchela boa meu
Iso vai todo a eito pra adiante
Dalle pero con xeito, que vas esfolar todo
Pixiñas é un caghiñas que non sabe nin foder
Tócate o carallo!
Vai rasca-lo carallo
Vai rasca-lo cú por ahí
Lonxe, moi lonxe … no quinto carallo
A cona!!!
Marchou co rabo antre as pernas
Veu coas orellas ghachas
Feixon, cristaleixon e cartos pra o meu caixon
Pan de millo non leva fariña triga
Gaivotas a terra, mariñeiros á merda
Nunca choveu que non escambrara
Que fedor rapás!!!
Vaite febreiro parvo, que tes vinteoito días, se chegas a ter mais catro, non para nin can nin gato.
Iso nada, ho!
Compreino feito pero fíxeno eu
Pra baixares hai que subires
Dedo meniño, o seu sobriño, maior de todos, furabolos e … escachapiollos!
É un varunca: manda ela, e ele nunca
Marcho que teño que marchar
Tenho um alternativo: Dedo mindinho, seu vizinho, maior de todos, fura bolo, cata piolho…
“Então CATRAPUS… e foi um VÊ SE T’AVIAS!”
carapau de corrida
Dois dedos de testa: “se tivesses dois dedos de testa” (algum juízinho)
Uma pé de dança: Que tal uma pé de dança?
Uma colega ficou confusa numa ocasião que me avariou o computador, e expliquei, a moda do Minho, que ia levar a maquina “ao pandurco”.
Ora aqui vai a minha pequena contribuição. São provérbios, expressões, e afins. Uns mais conhecidos, outros menos.
Tenho ainda uns dizeres mais escabrosos ou picantes, que não vou agora adicionar. Se o autor estiver interessado, poderá contactar-me.
À boca cheia!
A cavalo dado não se olha o dente
A César o que é de César
A culpa morreu solteira
A descer todos os santos ajudam
A galinha do vizinho é sempre melhor que a minha
A ganhar se perde e a perder se ganha
A gota que fez transbordar o copo
A meias
A merda é sempre a mesma, as moscas é que mudam
A modos que…
A mulher e a sardinha quer-se pequenina
A olhar para o dia de ontem
Aia! (expressão de espanto na zona do Tramagal)
Ainda a procissão vai no adro…
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura
Água vai!
Águas passadas não movem moínhos
Aguenta aí os cavalos!
Ah pois é, bébé!
Ainda gasta meias-solas
Alentejanos, Algarvios e cães de caça são todos da mesma raça
Amigos, amigos, negócios à parte
Ajoelhou, vai ter que rezar
Amor e uma cabana
Andar à bulha/batatada
Andar à míngua
Andar ao desvario
Andar ao Deus-dará
Andar aos caídos
Andar aos papéis
Andar às aranhas
Andar às cegas
Andar às voltas como uma barata tonta
Andar com a casa às costas
Andar em pontas dos pés
Aquele gajo é um songamonga
Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo
Ao preço da chuva/uva mijona
Apertar os calos a alguém
Arrear o calhau
Arrefinfa-lhe!
Às páginas tantas…
Assim como assim…
Azar dos Távoras
Bater em mortos
Bater no ceguinho
Bater trunfo
Bem-haja
Benefício da dúvida
Boa como o milho
Bonda, bonda (basta, já chega)
Burro como uma porta
Burro velho não aprende linguas
Cá se fazem cá se pagam
Cabeça na Lua/nas nuvens/de vento
Cada cabeça sua sentença
Cada caçador cada mentiroso
Cada cavadela sua minhoca
Cada macaco no seu galho
Cada tiro cada melro
Caga-tacos
Cai o Carmo e a Trindade
Cantar de galo
Cão que ladra não morde
Caramelo (nativo de Azeitão)
Casa de ferreiro, espeto de pau
Casa onde caibas, terra que avistes
Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão
Casamento molhado é casamento abençoado
Cheio, chega!
Chiça penico, chapéu de coco
Chover no molhado
Chuva molha tolos
Com duas pedras na mão
Com o freio nos dentes
Com o mal dos outros posso eu
Como um burro a olhar para um palácio
Copo meio cheio
Coração quente, amor ardente, tesão para sempre
Corro de burro quando foge (e não cor de burro quando foge)
Cresce e aparece
Cruzes canhoto!
Dá-lhe agora que está de costas!
Dar a mão à palmatória
Dar barraca
Dar de frosques
Dar nozes a quem não tem dentes
Dar tempo ao tempo
Dar um beijinho ao santinho
Dar uma volta de 360°
De Espanha nem bom vento nem bom casamento
De pequenino se torce o pepino
Deixa-os poisar
Depressa e bem não há quem
Desampara-me a loja
Descobrir a careca
Despacha-te! Parece que vais a pisar ovos!
Devagar se vai ao longe
Dito e feito
Doa a quem doer
Dois coelhos de uma cajadada
É cão que não conhece o dono
É de lana caprina
É dos carecas que elas gostam mais
É má a ave que o seu ninho suja
É pró menino e pra menina!
É tudo farinha do mesmo saco
Eh touro lindo!
Em cada (lampião) há um ladrão
Em tempo de guerra não se limpam armas
Em terra de cegos que tem olho é rei
Em terra do bom viver faz como vires fazer
Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas
Entre a espada e a parede
Entre marido e mulher não se mete a colher
Entre mortos e feridos, alguém há-de escapar
Eras amor para a vida inteira. Daqui ao jantar é uma vida inteira!
Erro de palmatória
És um mete-nojo
Estar a brincar com o fogo
Estar a encher pneus/chouriços
Estar a estreler
Estar a levantar cabelo
Estar à mercê de alguém
Estar com os copos
Estar de pé atrás
Está-me a chegar a mostarda ao nariz
Estás-me a ver de óculos?
Falar para o boneco
Faz o que eu digo, não faças o que eu faço
Faz-te um homem
Fazer finca-pé
Fazer o ninho atrás da orelha
Fazer um pé de vento
Fica no cu de judas
Ficar a segurar a vela
Ficar a ver navios
Foi pró maneta!
Furibunda
Ganda malha!
Gandulo
Gato escaldado de água fria tem medo
Gato escondido com rabo de fora
Grão a grão, enche a galinha o papo
Há mais marés que marinheiros
Há mar e mar, há ir e voltar
Histórias de faca e alguidar
Homem pequenino ou velhaco ou dançarino
Ir a Roma e não ver o papa
Ir ao baeta
Ir aos arames
Isso são águas passadas/chão que deu uvas
Isto é mais melhor bom
Isto é um pitéu
Isto não é atar e pôr ao fumeiro
Isto não é para quem quer, é para quem pode
Isto vai dar molho
Já borraste a pintura toda
Já me estou a passar!
Lá no quinto dos infernos
Larga-me de mão!
Lavar o rabo com agua de rosas/malvas
Levar na cabeça
Levar uma galheta
Língua de palmo
Longe da vista, longe do coração
Mais vale cobarde vivo que herói morto
Mais vale tarde que nunca
Mais vale um pássaro na mão que dois a voar
Mais velho que a Sé de Braga
Maria vai com as outras
Mau como as cobras
Mau mau Maria!
Mariquinhas pé de salsa!
Mãos de fada
Mãos frias, coração quente
Memória de galinha/elefante!
Menina ou azeite
Mentes com quantos dentes tens
Meter a foice em seara alheia
Meter o Rossio na rua da Betesga
Meter-se num ninho de vespas/numa alhada
Moita carrasco!
Morrer na praia
Mudar a água às azeitonas
Não dar uma prá caixa
Não é o que se ganha, é o que se gasta
Não há duas sem três
Não há fome que não dê em fartura
Não mordas a mão a quem te dá de comer
Não sair/passar da cepa torta
Não tens espelho em casa?
Não tens vergonha na cara
Nem a gente come nem o pai almoça
Nem ata nem desata
Nem faz nem deixa fazer
Nem oito nem oitenta
Nem que a vaca tussa
Nem tanto ao mar nem tanto à terra
Ninguém vê o alqueire no seu olho, nem que ele seja como uma tranca
No dia de S. Nunca à tarde
Não ter bom vinho
O barato sai caro
O enxoval vai com a noiva
O maior cego é aquele que não quer ver
O óptimo é inimigo do bom
O que tu queres sei eu
O que tu sabes já a mim me esqueceu
O seu a seu dono
Ó tempo volta para trás
O teu melhor professor foi o meu pior aluno
Ó jóia! Anda cá ao ourives
Ó senhor condutor meta o pé no acelerador, se bater não faz mal, vamos parar ao hospital
Obras de Santa Engrácia
Olho à belenenses
Onde mija um portugês, mijam logo dois ou três
Orelhas de burro
Os cães ladram e a caravana passa
Os conselhos só devem ser dados quando forem pedidos
Os conselhos se fossem bons, não de davam … vendiam-se
Os três da vida airada: cócó, ranheta e facada
Ovelha ronhosa ( e não ovelha ranhosa)…
Pão, pão, queijo, queijo
Papa-açorda
Par de gaitadas
Para mal dos meus pecados
Para maluco, maluco e meio
Parece que pariu aqui a galega
Pardal do alto / Marialva
Pau para toda a obra
Pau que nasce torto, tarde ou nunca se endireita
Pavonear-se
Pé ante pé
Peçonhento!
Pela boca morre o peixe
Pexito (dialecto e nativo de Sesimbra)
Põe-te na alheta!
Por a boca no trombone
Por a pata na poça
Por o carro/carroça à frente dos bois
Por quem és/sois (originário das guerras miguelistas, mas com outro sentido)
Por uma unha negra
Portugal é Lisboa, o resto é paisagem
Prante-lhe (Ponha-lhe)
Presunção e água benta cada um toma a que quer
Prognósticos só no fim do jogo
Puto charila, macaco sem pila
Quando as galinhas tiverem dentes
Quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão
Quanto maior a nau, maior a tormenta
Quanto mais alto maior a queda
Quatro-olhos
Que pasmaceira!
Que pessegada! (confusão)
Que trocadalho do carilho!
Queima-tripa
Quem anda à chuva molha-se
Quem canta seus males espanta
Quem casa quer casa
Quem corre por gosto não se cansa
Quem dá e torna a tirar ao inferno vai parar
Quem dá o que tem, a mais não é obrigado
Quem diz o que quer, ouve o que não quer
Quem muito fala pouco acerta
Quem nasce para tostão não chega a milhão
Quem não chora não mama
Quem não tem cão caça como o gato (e não caça com gato)…
Quem o feio ama, bonito lhe parece
Quem sai aos seus não degenera
Quem sai aos seus não é de Genebra
Quem se mete em atalhos mete-se em trabalhos
Quem semeia ventos, colhe tempestades
Quem tem boca vaia Roma ( e não quem tem boca vai a Roma)
Quem tem filhos tem cadilhos, quem os não tem cadilhos tem
Quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras
Quem vai à guerra dá e leva
Quem vai ao mar avia-se em terra
Quem vai ao mar perde o lugar
Quanto mais me bates mais gosto de ti
Quanto mais prima mais se lhe arrima
Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte
Quem tem cu tem medo
Quem ve caras não vê corações
(Queres crédito) vai ao Totta.
Queres fiado? Toma!
Rapar o fundo ao tacho
Refundido
Résvés, Campo de Ourique
Roda que não chia, não leva óleo
Roma e Pavia não se fizeram num dia
Sacripantas
Salta-pocinhas
Saltar do fogo para a frigideira
Santos da casa não fazem milagres
Se o casamento fosse bom, não eram precisas testemunhas
Se um velho pudesse e um novo soubesse, não havia nada que não se fizesse
Sem eira nem beira
Ser apanhado com a boca na botija/mão na massa
Ser uma boneca de trapos/feito de borracha
Siga a banda/marinha
Sobre melancia água fria, sobre melão vinho de tostão
Sol na eira, chuva no nabal
Sopa de letras
Sopa da pedra
Suar as estopinhas
Tás aqui, tás ali!
Teimoso como uma mula
Tempestade em copo de água
Tempos de antanho
Tens que me dizer onde é o teu caixote do lixo
Ter a mania das grandezas
Ter mais olhos que barriga
Ter um V de vai e volta
Testa de ferro
Todos os cães têm sorte
Trabalha que se desunha
Trangalhadanças
Tu cá tu lá…
Tu és de Olhão e jogas no Boavista
Tu queres sarna para te coçares
Tudo ao molho e fé em Deus
Um olho no burro, outro no cigano
Um raio que ta parta/Raisparta
Uma andorinha não faz a primavera
Uma cagada em três actos
Umas vezes a pé outras vezes andando
Vai dar banho ao cão!
Vai dar uma volta ao bilhar grande
Vai de vela
Vai pela sombra que o sol está forte
Vai pentear macacos!
Vai morrer longe!
Vai na volta…
Vai ver se chove!
Vai ver se estou na esquina!
Vai-te encher de moscas
Vender pentes a carecas
Ver Braga por um canudo
Ver para crer como S. Tomé
Vida de cão
Visita de médico
Viver no fio da navalha
Vivinho da silva
Vou ali já venho
Vozes de burro não chegam ao céu
Vulgar de Lineu
Zás Trás Catrapás
grandes ditados e afins da cultura portuguesa, há uma página na U.Minho com a mesma temática onde pode contribuir (pelo menos já se pode) -> [https://natura.di.uminho.pt/~jj/pln/calao/dicionario.pdf]
ha um ditado que uso diariamente em contexto de trabalho mas não só…
“Não há cego que se veja nem burro que se enxergue” é tão mas tão verdade que até doi!
Aproveito para partilhar uma expressão transmontana muito usada na zona de Mogadouro.
É o “Bô”
Pois sim, pois não. Eis que pois sim quer dizer não; e pois não quer dizer sim.