Anda por aí a circular mais um daqueles textos absurdos que, supostamente, protegem os nossos direitos pelo simples facto de serem publicados no mural do Facebook.
Decidi armar-me em humorista (sem muita graça, admito) e gozar com quem partilha tal pedaço de português mal amanhado que não serve para nada. (Vai abaixo o que partilhei no Facebook.)
Faz-me confusão como é possível tanta gente acreditar nisto — mas, como muito bem me fez ver o meu irmão Diogo, estar a bater em quem reproduz o texto no Facebook é estar a gozar com as vítimas deste bullying mental. Afinal, todos nós somos crédulos de alguma maneira e o Facebook é uma espécie de recreio da vida, onde andamos a ler e a partilhar descontraidamente. Deixemos em paz quem não vê que isto é patranha.
Mais interessante será pensar nas pobres almas que inventam estas coisas. Sim, porque quem escreveu a versão original do texto sabia muito bem o que estava a fazer: estava a criar uma espécie de vírus, um texto de aparência vagamente real que leva à partilha compulsiva por tocar nos nossos medos: o medo de perder a privacidade, por exemplo, ou de ser enganado pelas grandes empresas deste mundo.
O meu irmão chamou-lhes bullies. Gostam de se sentir fortes ao sublinhar as fraquezas dos outros. Para isso, pregam rasteiras — na escola, com os pés; no Facebook, com as palavras.
Mas não passam de tristes criaturas, viciados no prazer de ver os outros a cair nas suas patranhas. São do mesmo clube dos inventores de vírus informáticos e boatos maldosos.
Enfim, depois da conversa com o meu irmão, quase me senti mal por ter gozado com as vítimas do tal bullying mental. Até porque, se for preciso, amanhã aparece alguma destas invenções e eu caio que nem patinho.
Seja como for, vejam lá isso: não acreditem em tudo o que lêem.
O texto que publiquei, a gozar entre parêntesis com a tal criação maldosa de um qualquer bullie, foi este:
CHAMO A VOSSA ATENÇÃO!
Hoje, dia 6 de Janeiro de 2016 (DIA DE REIS, YEAH!), em resposta às novas directrizes do Facebook (QUAIS, MAS QUAIS??) e, em particular na decisão de usar ou não o Facebook após 1 de Janeiro de 2016 (HEIN?), nos termos dos artigos L.111, 112 e 113 do código de propriedade intelectual (QUAL CÓDIGO? O PORTUGUÊS? O AMERICANO? AH, ESPERA, NÃO EXISTEM…), quero aqui declarar que os meus direitos estão ligados a todos os meus dados pessoais (desenhos, pinturas, fotos, textos, música, lista não exaustiva) publicados no meu perfil. Eu proíbo o Facebook (TOMA!), e também funcionários, alunos (?????), agentes e outro pessoal sob a direcção do Facebook de divulgar, copiar, distribuir, transmitir ou tomar quaisquer outras providências contra mim (SE FOR A FAVOR, ESTÃO À VONTADE, CLARO) com base neste perfil e/ou seu conteúdo. Para uso comercial ou outro do exposto é necessário o meu consentimento por escrito em todos os momentos (NÃO BASTA ÀS VEZES, TEM DE SER TODO O SANTO DIA).
O conteúdo do meu perfil contém informações privadas. A violação da minha privacidade é punida pela lei (UCC 1-1-1-103 308 308 e o estatuto de Roma). (MAS QUAL ESTATUTO DE ROMA, POR AMOR DA SANTA? E O QUE É UMA LEI “UCC”? E QUE RAIO DE NÚMERO DE TELEFONE É ESTE? “1-1-1-103 308 308” – ME LIGA, VAI?)
Facebook agora é uma entidade de capital aberta (CAPITAL ABERTA??). Todos os membros são convidados (COM JEITINHO) a colocar um aviso deste tipo, ou se preferirem, podem copiar e colar esta versão (PORQUE FAZ BEM À SAÚDE). Se você não publicou esta declaração pelo menos uma vez, você permite tacitamente a utilização de elementos como as suas fotos, bem como as informações contidas na actualização de perfil. (SE PUBLICOU, NÃO SEI O QUE LHE DIGA.)