Certas PalavrasPágina de Marco Neves sobre línguas e outras viagens

Sete palavras inglesas de origem portuguesa

Há quem se queixe muito dos anglicismos e outras invasões da língua portuguesa, mas o certo é que as línguas nunca foram e nunca serão compartimentos estanques. Andam sempre a entornar palavras umas nas outras.

O inglês, por exemplo, veio cá buscar umas quantas palavras. Podem ler uma extensa lista aqui, mas fiquem com estes sete exemplos:

  1. Zebra. A nossa amiga zebra é portuguesa, com certeza. Quer dizer, não será portuguesa, que por cá não há muitas, mas o nome que os ingleses lhe dão veio da nossa língua, que andou por aí  a explorar o mundo e a descobrir animais. Não só a zebra, mas também o…
  2. Mosquito. No fundo, é uma pequena mosca, um mosquito, e assim ficou em português, em inglês — e em espanhol… Há que dizer que há muitas palavras cuja origem ibérica se torna difusa: tanto podem ser de origem portuguesa como espanhola. Sei que isto pode doer a algumas pessoas mais dadas a separações muito marcadas, mas não partilhamos uma península só porque sim.
  3. Albatross. Voltando aos animais, temos este belo pássaro cujo nome é português, mesmo quando falamos inglês.
  4. Fetish. Quem diria?… O fetiche inglês veio do fétiche francês, que por sua vez veio do feitiço português. Curiosamente, o fétiche francês também foi devolvido ao português, com outro significado.
  5. Auto-da-fé. Esta é uma palavra inglesa de origem portuguesa que nos pode embaraçar, o que nos leva a outra das palavras inglesas de origem ibérica…
  6. Embarrass. Já sabemos que embaraçar pode ser um falso amigo espanhol. Os ingleses, por seu turno, vieram cá roubar e não lhe mudaram o significado.
  7. Verandah. Já neste caso, a língua inglesa copiou a nossa palavra, mas deu-lhe um twist: a verandah inglesa é o nosso alpendre.

Há outras? Claro que sim: mas estas sete são muito curiosas…

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Autor
Marco Neves

Professor na NOVA FCSH. Autor de livros sobre línguas e tradução. Fundador da Eurologos.

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11 comentários
  • O meu velho Eckersley and Eckersley identifica mais estas palavras de origem portuguesa:
    – Port (wine)
    – marmalade
    – tank
    – buffalo
    – parasol
    – caste
    – firm
    – banana
    – negro.

  • Zebra foi a designação dada pelos descobridores em Africa, porque havia cá na época um equídeo com a pelagem listrada que se designava por Zebro, e do Zebro passou a Zebra. Entretanto o Zebro extinguiu-se e foi esquecido por muitos mas não por todos.
    Segundo soube o Zebro era predominante no norte de Portugal, na região transmontana.

    • Os Zebros são os portos dos Cavalos do Sorraia, toponímia relacionada com o rio do mesmo nome, afluente do Tejo e que banha Coruche e Benavente, por exemplo. Longe de ser transmontano, os Zebros que Duarte Lopes, ribatejano, conhecia e associou ao que viu n região do Cabo da Boa Esperança quando no século XVI por lá passou.

  • Verandah veio de varanda, que não é exatamente sinônimo de alpendre, não, ao menos, em todos os lugares. Na minha região, chama-se alpendre somente às varandas cobertas à frente da casa.

  • Ha estudos linguísticos nos E.U.A que, no ano de 2045 até 2050, e, não mais tardar, que metade da população da terra do Tio Sam, estarão falando duas línguas. O inglês e o Espanhol. Não por comodismo, mas sim pela imposição de invasões de seres humanos chegados do México até à Argentina, ou seja toda América do Sul. Assim, o português, pegará uma carona com a língua espanhola sua prima de nascença.

    • Na Espanha são falados vários idiomas: Galego, Basco, Castelhano, Catalão, etc. , portanto não só o Castelhano é Espanhol, mas o Galego é Espanhol, o Basco é Espanhol, o Catalão é Espanhol, etc. Afinal como se sentem os espanhóis falantes de outros espanhóis quando são ignorados e até obrigados a engolir a imposição do Castelhano como “o idioma Espanhol”. Como se sabe, nem todos os países hispano-americanos referem-se ao seu idioma como “o Espanhol”, mas como o que ele é, “o Castelhano”, por exemplo a Argentina.

  • ” Véranda” em francês, também de origem portuguesa, corresponde à nossa marquise, isto é varanda envidraçada e coberta. A marquise em França é diferente, uma espécie de alpendre uma cobertura em cima de uma entrada, por vezes de ferro e vidro. As palavras viajam e, por vezes, mudam de significado.

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