É daquelas viagens que me deixam em pulgas para me pôr a caminho. Na próxima semana, a convite de várias escolas e faculdades galegas, vou andar numa roda-viva pela Galiza fora, a conversar sobre o meu último livro (O Galego e o Português São a Mesma Língua?, publicado pela Através). Deixo aqui as datas e locais, para quem quiser participar.
- Na segunda-feira, dia 25 de Novembro, às 18h, começo a volta bem a norte, na Escola Oficial de Idiomas de Ferrol, no Salão de Actos.
- Na quarta-feira, dia 27 de Novembro, às 13h, vou estar na Faculdade de Filologia da Universidade da Corunha, no Salão de Graus.
- Sem sair da Corunha, também no dia 27 de Novembro, às 19h30, vou estar na Escola Oficial da Corunha, na Sala de Vídeo.
- Na quinta-feira, dia 28 de Novembro, às 12h, rumo à Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela, na Sala D12.
- No mesmo dia, 28 de Novembro, às 19h, vou estar na Escola Oficial de Idiomas de Vila Garcia, no Auditório.
Se quiser saber mais sobre o livro, pode ler a recensão do Ciberdúvidas ou ouvir a entrevista que dei a Fernando Alves, na TSF.
Pode ainda ler a entrevista que dei a Valentim Fagim, no Portal Galego da Língua, e a notícia sobre o lançamento lisboeta, por Gabriel André, professor de Galego da FCSH/NOVA.
Como forma de avivar as boas recordações que tenho destas viagens, deixo aqui o relato da volta de há dois anos, quando por lá andei a conversar sobre A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa (Guerra e Paz).
Olá, Marco, som Miguel-Anxo Varela, assistim ontem à tua conferência na EOI de Ferrol.
Som o que foi depois polo para-chuvas, lembras?
Gostei muito do que falache e eu tenho já lido no teu blogue, que é para mim ũa referência desde hai tempo. Seguramente mais cedo que tarde comprarei algum dos teus livros, pois os temas que tratas interessam-me muito.
Desde que figeche a pergunta ontem ando a matinar nisso de quais poderiam ser as cousas que ajudariam num maior achegamento do galego e do português.
Como se falou ali, hai muitas barreiras. Por uma parte as institucionais. O estatuto de “língua diferente” que conseguiram dar-lhe desde a Xunta ao galego não ajuda nada. O “monolinguismo” auto-percebido e o alto nível de prescriptivismo dos portugueses é outra barreira. Nũa língua num processo vivo de uniformização como a portuguesa pola vossa parte e da hegemonia cada vez mais forte do espanhol na nossa beira do Minho, a chegada dum novo cânon como o galego com diferenças regionais grandes e ũa fala que muitas vezes temos estragada polo castelhano pode não ser bem recebida.
Logo as diferenças culturais das que eu falava, mesmo o feito de que as cousas quotidianas têm nomes diferentes saco/bolsa, chávena/taça…
Em fim, hai muitas barreiras, o trabalho não é fácil, certamente.
Mas por riba de tudo as línguas seguem a ter uma unidade bem notória. A realidade é que o galego, mália ter perdido tanto fronte ao castelhano e a normalização forçada pola Xunta, segue a ter uma unidade absolutamente surpreendente com a outra parte da língua, a lusófona. Basta expor a um galegofalante a ouvir os sotaques portugueses e mesmo brasileiros um tempo curto para que os ssshhhh bsshhhh do princípio tenham total sentido e sejam sentidos como variante da mesma língua. A manca de exposição é para mim a mais grande das barreiras e a única realmente fulcral que permite manter a mentira de falarmos línguas diferentes.
Eu participo desde hai uns meses no fantástico grupo de Whatsapp “O mundo fala galego” (cuidado, hai dous grupos com o mesmo nome, eu deixei um deles) que rege entre outros o Bernardo Penabade, e o poder comunicarmos os galegos sem problema nenhum com pessoas de Brasil, Angola, Portugal, etc, supõe uma experiência que no meu caso, reintegracionista convencido desde os 80, tem mudado a minha visão sobre estas questões e aprendido a gostar mais ainda das diferenças, por ser mais capaz de as identificar e entender em tempo real.
Eu acho que ainda que haja barreiras cuja suma semelha grandíssimas, a verdade da unidade segue a ser tão evidente que basta partilhar foros, canais de TV ou vídeo, podcasts… comunicações dentro desta ideia da lusofonia ampliada, para desmontar os argumentos isolacionistas mais escolásticos.
Ainda que claro, usar ortografia à portuguesa ajuda. Eu quando envio textos reintegrados a Portugal sempre aclaro que não é que escreva “mal” o português senão que escrevo galego, que nesta ortografia “a moderna” da Agal é tão semelhante ao português que mesmo semelha português mal escrito.
Abraços e parabéns polo teu labor e a tua obra, Marco!
Muito obrigado: por ter ido à sessão e pelo excelente comentário! Por aqui, continuaremos a tentar ultrapassar essas barreiras, devagarinho… Um grande abraço e espero encontrar-te de novo, um dia destes, na Galiza ou por cá!